O trabalho pretende pensar sobre as associações entre a memória e a literatura, muito especialmente no que toca aos processos de representação estética da infância, em alguns textos poéticos de Manuel Bandeira e de Carlos Drummond de Andrade. Começa por refletir sobre a memória como uma categoria não ontológica e capaz de, ao mesmo tempo, criar e ser criada por imagens elaboradas pela obra literária. A partir de um breve delineamento de um quadro de referências formado em fins do século XIX e consolidado no começo do século XX, mapeamos contribuições presentes nas novas tecnologias, na psicanálise, na filosofia e na literatura e propomo-nos a problematizar os enfrentamentos relativos ao conceito de memória e seus elos com a noção de infância, investigando esta como uma categoria postulada para além de uma mera referência temporal; isto é, como uma construção simbólica que se articula a estratégias artísticas orientadas pelas vanguardas modernistas e refletimos acerca das fricções entre as noções de subjetividade presentes nas relações entre a criança e o adulto, a partir dos signos da fragilidade, do limite e da alteridade, nos textos escolhidos como corpus a estudar.
Palavras-chave: Memória. Literatura. Modernismo. Infância.