Como os leitores dão sentido aos textos dos quais se apropriam? Enquanto meio de comunicação, podemos olhar para um jornal como uma representação de uma comunidade de leitores? Em seu livro A história ou a leitura do tempo (2010), o historiador francês Roger Chartier recorda que “a leitura também tem uma história (e uma sociologia), e que o significado dos textos depende das capacidades, das convenções e das práticas de leitura próprias das comunidades que constituem, na sincronia, ou na diacronia, seus diferentes textos” (p. 37). A sociologia dos textos, segundo Chartier, “insiste na materialidade do texto e na historicidade do leitor com uma dupla intenção” (p.38). Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo apresentar o esboço de um estudo de caso da polêmica em torno da publicação ou não das biografias não autorizadas que circulou no jornal paranaense Gazeta do Povo, no Caderno G. Para tanto, recorto três matérias, uma envolvendo Ruy Castro (2013), outra Domingos Pelegrini (2013) e uma terceira acerca de Paulo César de Araújo (2014), as quais, ao problematizarem um episódio jurídico, em meio social, através de recurso discursivo, terminam criando memória para muitas histórias da nossa cultura.