Este artigo pretende discutir como na obra de Erico Veríssimo O Tempo e o vento, o discurso épico participa do processo de sua estruturação estética e significativa, tornando se um elementos interno do enredo relevante para a construção de quadros pictóricos que contribuem para a formação dos perfis de Rodrigo Cambará e Toríbio Terra Cambará como heróis representativos da exaltação dos feitos bélicos gaúchos no seu processo de formação identitária. Assim, confrontam-se os capítulos Um certo capitão Rodrigo de O Continente com Um certo Major Rodrigo de O Arquipelágo a fim de se observar como ações plásticas e épicas do bisavô Rodrigo no século XIX são resgatados e reinventadas pelo bisneto Toríbio no século XX, buscando-se uma continuidade e, ao mesmo tempo, uma renovação entre gerações dentro da mesma família Terra Cambará, enquanto metáfora do Rio Grande do Sul. Deste modo, estuda-se como o discurso épico torna-se um elemento estético de constituição da narrativa , alterando-se e adequando-se à formação do romance para expressar a evolução do povo gaúcho de um passado mítico associado ao capitão a uma situação contemporânea de dúvidas e fragilidades do homem moderno do século XX, referente à morte de Toríbio. A intenção, portanto, é que se estude O Tempo e vento como um romance dialógico no qual o discurso épico é mais um linguagem que se cruza a outras para a construção da saga da construção identitária do rio-grandense.
Palavras-chave: épico, pictórico, O tempo e o vento.