Virginia Woolf foi uma das precursoras do romance moderno. Ela é conhecida pelo seu experimentalismo narrativo no qual explorou as técnicas da prosa moderna. Em To the lighthouse (1927), temos a dupla representação da personagem Mrs. Ramsay, na escrita e em seu retrato a óleo que a personagem Lily Briscoe compõe no decorrer do romance. Essa duplicidade enfatiza todo potencial woolfiano em agregar a estética pós-impressionista à sua obra moderna. Já em The Waves, de 1931, temos o ápice de sua estética modernista por causa dos fluxos de consciência extremos. The Years, penúltimo romance da escritora, publicado em 1937, não segue a mesma trajetória de transgressão das regras do romance realista de representação. Este romance relata a história de uma família inglesa entre as décadas de 1880 e 1930. Parece-nos que há o recuo quanto ao uso das técnicas vanguardistas em sua reprodução da realidade ficcional. Pode parecer uma obra controversa em relação à trajetória laboral woolfiana. Cabe-nos investigar The Years como uma via negativa para compreender a estética do romance moderno de Virginia Woolf devido ao possível recuo no experimentalismo narrativo proposto e efetivado em To the lighthouse. Teremos como suporte teórico os conceitos que circundam o romance realista e moderno a partir de Auerbach. É necessário entendermos também o processo no qual se deu a crise do romance, bem como do narrador, com Schiller, Lukács, Benjamin e Adorno. Por fim, refletiremos acerca dos conceitos da estrutura narrativa woolfiana com James Naremore, entre outros. Nosso objetivo é perquirir se The Years poderia ser uma obra prima da estética modernista de Virginia Woolf. Obra possivelmente desconsiderada pela crítica por não ter explorado de forma tão radical os recursos da prosa moderna. Seria o aprimoramento do que ela chamava de “um mundo visto sem o eu”?
Palavras-chave: Representação. Romance moderno. Teoria Literária.