Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
A literatura infantojuvenil e o mercado editorial brasileiro contemporâneo: (re) definindo protagonismos
Aline Cesar Carvalho (Universidade Federal da Bahia), Mônica de Menezes Santos (UFBA)
É na infância que as forças formatadoras dos indivíduos operam com maior intensidade visando moldar corpos e sancionar ou proibir comportamentos e atitudes, enquanto que a escrita para crianças e jovens esteve e – ainda permanece – a serviço da manutenção e reprodução de estereótipos em torno dos gêneros. Às mulheres, e sobretudo às mulheres negras, para além da impossibilidade da escrita, foram impostos historicamente valores e padrões estéticos que construíram uma autoimagem totalmente distorcida em muitas gerações. Valores e padrões hegemonicamente projetados que as mantiveram num grupo socialmente rejeitado e que favorecia (e ainda favorece) o entendimento de inferiorização que elas passavam a ter de si mesmas. Ler a contrapelo obras literárias infantojuvenis contemporâneas escritas a partir da perspectiva feminista, interseccional, fundamentada na prática antirracista, e que entende a escola e a universidade como espaços que devem fomentar a pluralidade de ideias e permitir aos sujeitos o alargamento das suas possibilidades de escolha e aptidões, mostram a relevância de exercícios de leitura transgressores para a construção do imaginário na infância e para o modo como, na vida adulta, mulheres e homens irão perceber as diferenças e aproximações entre os gêneros. Assim como, paralelamente, nos fornece pistas sobre os caminhos assumidos pelo mercado editorial brasileiro contemporâneo ao publicar obras literárias infantojuvenis com temática feminista e antirracista: se buscam apenas suprir demandas mercadológicas ou de fato assumirem um comprometimento com uma uma literatura “que seja um redemoinho, sempre se desacomodando” (ANDRUETTO, 2012), que não se preocupe apenas em caminhar no sentido oposto da reprodução dos rótulos e enquadramentos que os leitores e/ou editores possam colocar na literatura infantojuvenil, por meio de escritores e obras que forcem os próprios limites e afetem os seus leitores.
Palavras-chave: literatura infantil; educação antirracista; educação feminista.
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