O Naturalismo no Brasil foi um estilo literário relegado a um lugar periférico no âmbito da História da literatura brasileira. Enfáticos em seus comentários e muitas vezes sem eufemismos ou cordialidades, os críticos, de modo geral, não pouparam esforços a fim de estigmatizá-lo, pois não perdoaram o modo como os romances escritos à maneira naturalista foram idealizados pelos nossos romancistas brasileiros. A descrição minuciosa das relações sexuais e das cenas de obscenidades entre as personagens, a falsificação da arte e a má assimilação do modelo naturalista francês foram alguns dos principais argumentos utilizados pela crítica para depreciar esse estilo literário do final do final do século XIX. O Naturalismo no nosso país, no entanto, foi avaliado quase exclusivamente pela perspectiva das obras e da crítica literária. O nosso objetivo, portanto, é construir um diálogo a partir do olhar não apenas dos críticos, mas também dos próprios romancistas acerca da estética naturalista. Para analisarmos o ponto de vista desses escritores, tomaremos como base fontes primárias, como os prefácios que esses ficcionistas escreveram para suas próprias obras e os artigos jornalísticos que publicaram em periódicos que circularam pelas mais diversas províncias do território brasileiro. Sobre a instância da crítica, consideraremos sobretudo os julgamentos de José Veríssimo, Sílvio Romero e Araripe Júnior, pois foram esses os principais críticos que escreveram sobre o nosso Naturalismo durante sua vigência. Assim, poderemos oferecer não apenas uma reflexão, mas também uma visão mais ampla acerca desse período literário que teve grande repercussão no nosso país entre os leitores, os críticos e os romancistas.