Este trabalho traz a leitura comparada do conceito “eternidade” tal qual este embasa as obras literárias “A desintegração da morte”, de Orígenes Lessa (1929) e “As intermitências da morte”, de José Saramago (2005). Seu objetivo é verificar, no pareamento das aplicações do referido conceito, de que forma foi trabalhada a técnica alegórica para a configuração ficcional destas duas obras, bem como, se há dissonância ou consonância entre os resultados obtidos. Para tanto, analisa, da perspectiva da teoria da metáfora, excertos representativos de ambas as obras, pontuando a alegoria ora como técnica de persuasão e elucidação, ora como modo simbólico. No primeiro caso, valendo-se do estudo de sua coerência e fragmentação para a consolidação de um sistema, tal qual preconizado por Gay Clifford (1974); no segundo, verificando estranhamentos e digressões utilizados em procedimentos de personificação de abstrações, tal qual focalizado por Jon Whitman (1987). Em ambos os casos, partindo da concepção de alegoria tal como esta é entendida por Walter Benjamin (1963), a saber, de uma alegoria que é expressão, como a escrita e a linguagem.