Renailda Ferreira Cazumbá (UESB), Edvania Gomes da Silva (UESB)
Neste trabalho, faremos uma análise das relações entre romance e memória no âmbito da produção ficcional brasileira da década de 1960, adotando o Romance d’A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, como objeto. Neste sentido, buscamos caracterizar o romance suassuniano esteticamente como uma “ficção do arquivo”, embasando-nos na teorização de Roberto Gonzalez Echevarría (2000) sobre a narrativa ficcional latinoamericana do período mencionado e sobre a capacidade mimética desta ficção em relação aos discursos não literários, como os da ciência e da lei. Echevarría, apropriando-se principalmente dos conceitos de “arquivo” e de “domínio de memória”, conforme apresentados por Michel de Foucault (1989), assegura que o romance constitui-se como um a memória ativa de textos e de enunciados sobre a história e a singularidade cultural do continente. Dessa forma, o conceito de ficção do arquivo é o eixo teórico-metodológico que nos auxilia a situar o romance suassuniano historicamente, expondo a singularidade estética da obra em relação ao tema da história e das narrativas de origem nacionais, e que, ao mesmo tempo, nos orienta a conjecturar sobre a construção de uma memória por meio do romance brasileiro.
Palavras-chave: Memória, Arquivo, Romance Brasileiro