Rafaella Dias FERNANDEZ, Izabela Guimarães Guerra LEAL
Herberto Helder em seus livros sobre apropriações realizadas de outros poetas não utiliza o termo tradução, e sim “poemas mudados para português”. Esta forma peculiar de definir o trabalho tradutório já aponta para o gesto de traduzir como um ato de criação literária. O tradutor não transporta para a sua língua a obra estrangeira, ele cria uma nova obra, diferente daquela que lhe deu origem. Na poética herbertiana,a criação assume lugar de destaque, e a atividade de criar está totalmente relacionada com o erotismo e com a violência. Para o poeta, a escrita é algo muito corporal, há a presença dos órgãos, dos fluxos vitais, o corpo passa a ser pensado em partes, como potência viva, isso possibilita ao poeta o vazio da forma, o espaço para novas formas e significados. Nessa deformação do corpo há uma violência essencial para a construção de novos sentidos poéticos. Com isto, o objetivo deste trabalho será refletir sobre a tradução literária na obra poética herbertiana e como o erotismo e a violência assumem lugar de destaque nesse processo criador.