JOSÉ ROSA DOS SANTOS JÚNIOR (UFBA), LIGIA GUIMARÃES TELLES (UFBA)
A comunicação que se segue objetiva discutir acerca das modulações autorais, no âmbito da poética de Manoel de Barros e Roberval Pereyr. As discussões empreendidas, nesse estudo, encontram-se balizadas pelos prismas da autobiografia e da multiplicidade. No processo escritural de Manoel de Barros, poeta sul-mato-grossense, as memórias e reminiscências ocupam um lugar de destaque. São reminiscências autobiográficas de uma infância vivida no Pantanal, mas ressignificadas pelos ditames da imaginação criativa. Na constituição da poética de si, Manoel de Barros tece, por meio do espaço biográfico, a experiência cotidiana, mas igualmente um espetáculo, um efeito de realidade. Por outro lado, a obra poética de Roberval Pereyr é perpassada pelas diversas experiências acadêmicas, artísticas e ativistas do autor. Tais experiências fundamentalmente literárias, em um processo dinâmico e dialógico, forjam, no bojo do processo criativo do poeta, uma série de confluências e de migrações críticas, poéticas, metafóricas, conceituais e criativas entre as suas diversas áreas de atuação. Tudo isso faz com que Roberval Pereyr forje um texto, um tecido emaranhado onde concepção literária e crítica se deparam, repetidas vezes, costuradas e alinhavadas num mesmo tecido, numa mesma trama, dando prosseguimento ao fio condutor de um discurso que não interrompe o entrelaçamento da linguagem poética à metalinguagem, num depoimento contemporâneo e radical de criação artística autoconsciente e autorreflexiva. Nosso trabalho está pautado nos postulados teóricos de Cunha (1979), Lejeune (2008), Arfuch (2010), Foucault (2012), dentre outros. Dessa forma e diante do que foi exposto, nosso trabalho intenta refletir, de maneira sistemática, acerca das representações autorais na cena da contemporaneidade.