A representação da Amazônia, seja feita pela ótica estrangeira, seja pelo olhar autóctone, manifesta-se de forma equivocada, quando não perniciosa. Um imaginário, ora fantasioso, ora infernal; instituiu-se ao longo de uma histórica repetição de (pré) conceitos e estereótipos. A literatura, em alguns casos, serviu a essa padronização sobre a tentativa de entender e explicar a região amazônica. Os primeiros textos literários que colocaram a Amazônia em foco no cenário literário nacional estão ligados aos princípios positivistas em voga no século XIX e inserem-se concomitantemente na tradição literária realista-naturalista. Ao discutirmos a obra Inferno Verde (1908), de Alberto Rangel, trataremos das bases ideológicas presentes no discurso paratextual que sustentam a caracterização infernal da Amazônia; problematizando enfim como o discurso ficcional pretende ser tomado como representante de um espaço e das sociedades que em certo contexto histórico ali habitam.