Pretende-se analisar a narrativa "A obcena Senhora D.", de Hilda Hilst (1982) no que diz respeito a suas estratégias de representação sobre o processo de envelhecimento e a situação da velhice instaurada. Em uma narrativa híbrida, na questão de gêneros textuais e gênero como representação cultural da sexualidade, acompanha-se a protagonista Hillé, que em seus 60 anos, vivencia e reflete sobre sua situação de derrelição - abandono (de onde surge a possibilidade para uma de suas denominações provisórias, já que o “d” do título de tal narrativa é o símbolo possível de uma de suas subjetivações). A protagonista Hillé reflete sobre si mesma, sobre a suposta/possível morte de seu amante mais jovem, sobre as relações com a coletividade de sua cidade provinciana, sobre a ideia da existência de Deus, e, recorrentemente, sobre as transformações psicofísicas pelas quais vem passando, ao perceber que a velhice se instaura no quadro de sua identidade transversal. Assim, acompanharemos como a rostidade da velhice e suas possibilidades de subjetivações transversais são representadas nessa complexa e instigante obra contemporânea. Basicamente seguiremos as reflexões de Simone de Beauvoir sobre o feminino, o envelhecimento, e a velhice (1980, 1990) e Gilles Deleuze e Félix Guattari (1993), no que diz respeito a rostidade e identidade transversal, no que diz respeito às estratégias de subjetivações disposta no campo literário.
Palavras-chave: "A obscena Senhora D.", corpo feminino, envelhecimento