A partir dos conceitos de autoria de Barthes (1968) e Foucault (1969), de adaptação de Linda Hutcheon (2013) e de tradução como reescrita de Andre Lefevere (2007), este trabalho tem como objetivo discutir e confrontar os limites que envolvem esses três momentos (escrever, adaptar e traduzir) no momento da produção de fanfictions por leitores-autores, pessoas que fazem uso de personagens de outros autores para criação das próprias histórias, modificando-os, “corrigindo-os” e reapresentando-os sob outro olhar. É necessário compreender como, nesta atividade, o fanfiction é duplamente reescrito – tanto quando os fãs (os leitores-autores) fazem uso de personagens de outros autores em novas histórias paralelas no processo de adaptação, quanto na tradução, pois, segundo Lefevere em Translation, rewriting and the manipulation of literary fame (1992), traduzir “é a forma mais reconhecível de reescritura e potencialmente mais influente por sua capacidade de projetar a imagem de um autor e/ou de uma (série de) obra(s) em outra cultura”.