Com o objetivo de pensar algumas questões relacionadas ao tema “literatura, vanguarda, modernidade”, esta comunicação pretende desenvolver uma reflexão sobre o concretismo, movimento que promoveu uma ruptura nos padrões literários vigentes e na crítica da literatura e da arte, com forte repercussão no cenário nacional e internacional. Ao se constituir como uma vanguarda artística na década de 50 do século 20, exibindo os sintomas do esgotamento das formas poéticas tradicionais, e inserindo-se em uma conjuntura histórica marcada pela ideia “desenvolvimentista” que caracterizou o Brasil sob o governo de Juscelino Kubitschek (1956-60), o movimento concretista deixou um legado em diversos campos da cultura que ainda carece de estudos. No contexto dos anseios de modernização presentes na sociedade brasileira, Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari divulgam os diversos textos que configuram a teoria da poesia concreta, traçando inclusive o “Plano Piloto para Poesia Concreta” – alusão ao plano piloto da cidade de Brasília? –, publicado originalmente na revista Noigandres 4, em 1958, em São Paulo. Grande parte da produção teórica do concretismo traz a assinatura desses três poetas, que exerceram uma atividade teórica, crítica e de docência em instituições de ensino superior. Com o objetivo de situar a produção concretista no contexto das vanguardas do século XX, as reflexões a serem desenvolvidas no espaço desta comunicação pretendem investigar os diversos aspectos da produção desses três intelectuais, procurando flagrar as interlocuções e os entrelaçamentos das diversas práticas exercidas por estes atores culturais em diversos campos: da literatura (poesia), da teoria-crítica e da docência.