Edvaldo Santos Pereira (UFPA), Regina Barbosa da Costa (UFPA)
A proposta deste estudo partiu da análise das diferentes manifestações do africanismo nas obras Batuque, de Bruno de Menezes (1931) e Chove nos campos de Cachoeira, de Dalcídio Jurandir (1941), com base nos princípios de René Wellek que versam sobre a “existência e a vitalidade das diferentes tradições nacionais” necessárias à superação de “preconceitos e provincianismos”. O foco principal desta pesquisa é a relação entre individual e coletivo com referência à presença de etnias negras na Amazônia que contribuíram para a formação na região, sobretudo em Belém e no Marajó. Nesse sentido, nos poemas de Batuque, o negro, sob a forma de um “eu lírico” coletivizado em várias etnias, expressa, no ambiente de um terreiro metaforizado que se expande aos mais diversos setores da sociedade, a memória de culturas trazidas da África, que servem de alimento para enfrentar as dificuldades de uma vida que, embora legalmente livre, enfrenta os preconceitos e discriminações decorrentes de ideias escravagistas que ainda se fazem presentes. Já em Chove nos Campos de Cachoeira, a presença negra é manifestada no personagem Alfredo, um afrodescendente que vive no romance a individualização de cativo, não pelas condições de um sistema escravagista já extinto, mas pelos reflexos de uma vida privada da liberdade que favoreça a realização de seus desejos de conhecer um mundo diferente daquele ao qual ele se sente preso, sem ter autonomia sobre seu próprio destino.