Esta comunicação é fruto parcial de uma pesquisa atualmente em desenvolvimento, que tem como objetivo investigar as ligações do cinema do século XX com o romance do século XIX. Dessa maneira, temos pesquisado como algumas das maiores obras da produção romanesca oitocentista têm servido como ponto de partida para um sem número de obras cinematográficas, como exemplificam as seis versões de "Vanity fair", de Thackeray, as oito de "Madame Bovary", de Flaubert, e as treze de "Ana Karênina", de Tolstoy já realizadas por cineastas de países tão variados com Estados Unidos, Rússia, França, Finlândia, Alemanha e Argentina. Neste trabalho, o objeto de estudo é justamente o romance de Tolstoy, cuja notoriedade entre as grandes obras do século XIX é refletida na atração que, continuamente, despertou em cineastas, desde o nascimento da sétima arte até os dias de hoje. Especificamente, aqui se objetiva pesquisar, comparativamente, como dois dos episódios capitais da narrativa de "Ana Karênina" foram representados nos filmes de mesmo título dirigidos por Clarence Brown, em 1935 (com Greta Garbo e Fredric March como protagonistas), e por Julien Duvivier, em 1948 (com Vivien Leigh e Ralph Richardson à frente do elenco). Os episódios aos quais nos referimos são o baile (capítulos XXII e XXIII da Primeira Parte) e a corrida de cavalos (capítulo XXV da Segunda Parte). Para tal, utilizaremos como base teórica as categorias relacionadas à adaptação cinematográfica de obras literárias (tradução, hipertextualidade, reciclagem) utilizadas por Diniz (2005) para sumariar os estudos na área conduzidos por autores como Bazin, Chatman, McFarlane e Genette, ao longo dos últimos sessenta anos.
Palavras-chave: Ana Karênina, Tolstoy, Literatura e Cinema