Anna Carolina Botelho Takeda, Fabiana Buitor Carelli
Anna Carolina Botelho Takeda (USP) Fabiana Buitor Carelli (USP) Esta comunicação visa mostrar os resultados de uma pesquisa de doutorado em andamento, fruto da comparação do romance São Bernardo (1934), de Graciliano Ramos com o filme homônimo realizado pelo diretor Leon Hirszman (1972). Analisar-se-á a maneira como as questões apresentadas no livro são reinterpretadas na narrativa cinematográfica enfatizando principalmente os conflitos gerados pela ascensão social do protagonista Paulo Honório. Apoiado no conceito de capital simbólico, do sociólogo francês Pierre Bourdieu, ressalta-se as angústias decorrentes da ausência de status sociais de ordem simbólica do protagonista que o levam, de certa forma, à ruína. Porém, na análise do filme tem-se como hipótese a redução da visibilidade desses conflitos de ordem simbólica para as tensões de classes geradas pela relação direta entre proprietário e trabalhadores. A romance é escrito num período posterior à Revolução de 1930 em que, embora não possibilita a modificação da estrutura de classes na sociedade brasileira, ocasiona visíveis transformações. Paulo Honório faz parte desse processo, sendo integrante de uma burguesia agrária desejosa por incorporar os mecanismos da ordem capitalista e moderna de produção. Por outro lado, o filme de Leon Hirszman é idealizado no final da década de 1960 em que a modernização já está firmada, e desencadeia a expansão da classe trabalhadora então oprimida pelos militares por meio de arrochos salariais, diluição de sindicatos e repressão às lutas trabalhistas. Desse modo, defende-se a ideia de que no livro a disputa por poder simbólico abarca as relações de Paulo Honório, enquanto no filme, essa perde dimensão para as lutas mais diretamente relacionadas ao trabalho materializado.
Palavras-chave: São Bernardo, tensões de classes, tradução intersemiótica