Este trabalho busca refletir sobre a representação do espaço pretendida por Euclides da Cunha em Os sertões, na qual ele recupera referentes simétricos para descrever a geografia sertaneja. O embasamento teórico utilizado para analisar essas marcas discursivas na obra deriva do ideário foucaultiano presente no livro As palavras e as coisas, no qual a semelhança é vislumbrada como recurso inesgotável para compreender uma experiência da existência. Michel Foucault concebe a convenientia, a aemulatio, a analogia, a simpatia e a antipatia como figuras de semilitude que explicariam a ligação entre as coisas que fundam o universo, um esquema para entender a realidade do mundo. Registro de uma tentativa de adequar o sertão aos moldes preconizados pelas ideologias seguidas por Euclides, o sentido que reverbera da sua leitura absorve o espaço sertanejo à luz de ciclos evolutivos, projetado como um mundo uniforme e fechado, sacrificado pelas palavras.