Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
"Quantas vidas me couber, amar uma mulher": afeto e resistência na poesia lésbica brasileira contemporânea
LAURA ASSIS (Universidade Federal de Juiz de Fora)
A partir de questões suscitadas por um verso de um poema de Ágnes Souza, "Amar uma mulher", o presente trabalho tem como objetivo identificar estratégias utilizadas na representação literária do afeto entre mulheres na poesia brasileira contemporânea, além de analisar procedimentos por meio dos quais a caracterização e constituição deste afeto operam como possíveis elementos de resistência em um sistema opressor heteropatriarcal. O foco da análise são textos de poetas lésbicas brasileiras em atividade, como Angélica Freitas (em “Um útero é do tamanho de um punho”, publicado em 2012, e “Canções de atormentar”, de 2020), Simone Brantes (em “Quase todas as noites”, de 2016), Kátia Maciel (no livro “Ticket Zen”, de 2010), Maria Isabel Iorio (em “Aos outros só atiro meu corpo”, de 2019), Mariana Paim (no livro “Lugar comum”, de 2021), Ágnes Souza (em “Pouso”, de 2020), entre outras autoras em cujos poemas é possível observar essas estratégias, que passam pela figuração de vivências, descobertas, enfrentamentos, conflitos e reafirmações de um posicionamento afetivo-político desviante de uma norma vigente, empreendendo, por meio da literatura, a negação da exclusão e apagamento de experiências distintas dos padrões heteronormativos. Como base teórica que auxiliará nessas análises, serão trazidas questões relacionadas a temas como escrita feminina, literatura e resistência lésbica, heterossexualidade compulsória e crítica feminista, a partir das reflexões de autoras como Hélène Cixous, Adrienne Rich, Audre Lorde e Monique Wittig. As leituras das obras das poetas em questão também serão relacionadas a textos de pesquisadoras brasileiras que já vêm analisando o assunto aqui pesquisado, como Tatiana Pequeno e Monalisa Gomyde.
Palavras-chave: Escrita feminina; Literatura lésbica; Poesia contemporânea
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