Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
“The Marriage of Heaven and Hell”: o cristianismo heterodoxo de William Blake
Isabela Ferreira Loures (Universidade de São Paulo)
Embora seja notória uma influência religiosa que transcorre grande parte da produção literária britânica, é especialmente interessante verificar a maneira como a religiosidade é apresentada na obra do poeta e gravador William Blake (1727 - 1827). A forma como Blake mobiliza elementos da fé expõe uma relação complicada em que a Igreja, enquanto instituição, é apresentada como uma força opressora que contraria a verdadeira essência de Deus. De fato, influem na realização da obra de Blake, correntes dissidentes do pensamento cristão ou protestante, como o antinomianismo, ou mesmo o swedenborgianismo. Também correntes do esoterismo ocidental, como a alquimia, o neoplatonismo e mesmo a cabala - provavelmente a da tradição cristã - influem nas asserções de William Blake quanto ao seu posicionamento delicado diante da religião. A presente comunicação visa apresentar a maneira como essa atribulada relação com a religião e suas correntes dissidentes surge na obra do autor. Para tanto, consideramos interessante partir da análise do livro de iluminuras “The Marriage of Heaven and Hell” (1790). Nessa obra, Blake não apenas inverte as polaridades do bem e do mal, e do Céu e do Inferno, mas questiona as visões de mundo simplistas e moralizantes promulgadas pela Igreja e propõe aquilo que chama de uma leitura da Bíblia em seu “sentido infernal ou diabólico”. Mesmo a feitura do livro de iluminuras, realizado através de uma técnica inovadora de gravura em metal, referida por Blake como “método infernal” é reveladora da pretensão inquisitiva de Blake, já que através de seus “agentes corrosivos que, no Inferno, são saudáveis e medicinais”, o autor pretendia “[solver] superfícies visíveis e expondo o infinito antes oculto” (BLAKE, 2020)
Palavras-chave: William Blake; catolicismo hetedoroxo; esoterismo ocidental
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