O presente trabalho problematiza a apropriação do “referente histórico” pela ficção
contemporânea, destacando a função intermediadora, ou de entrelugar, que ele desempenha no
ato de leitura. A partir de algumas noções sobre o uso das referências pela narrativa, sobretudo a
ficcional, de teóricos como Paul Ricoeur (1994, 1995, 1997), Wolfgang Iser (1996, 1999), Jacques
Derrida (2014) e Linda Hutcheon (1991), busca-se demonstrar que a relação que se produz é mais
de incerteza sobre o passado, que é textualizado, do que de uma evidência histórica, como
apontava Gyorgy Lukács (2011) a partir do “Romance histórico”, no século XIX.