Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVI ENCONTRO ABRALIC
CONTRADIÇÕES DA PÓS-MODERNIDADE: O UNIVERSAL E O NACIONAL EM O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO E DIÁRIO DA QUEDA
Gisele Novaes Frighetto (UFSCar/USP)
Este trabalho propõe a análise dos temas do nacional e do universal em dois romances brasileiros contemporâneos, O sol se põe em São Paulo (2007), de Bernardo Carvalho, e Diário da queda (2011), de Michel Laub. O estudo teve como ponto de partida a abordagem dialética de Antonio Candido (2007), segundo a qual a literatura brasileira se constituiu historicamente no jogo de forças entre o universal e o local, sendo o primeiro termo entendido como representação de grandes temas da humanidade e o segundo, no sentido de particularização dos temas e formas de expressão. A investigação da presença do nacional diz respeito à ficcionalização de elementos descritivos especificamente brasileiros, no caso, do ponto de vista material ou socioeconômico, a despeito do renascimento dos pressupostos de uma “literatura mundial” na nova ordem global (AHMAD, 2010). Nesse sentido, os romances demonstram como a representação do nacional pode consistir em elemento de permanência, e esta foi relacionada a teorias do pós-modernismo que contemplam a coexistência de transformação e continuidade estética (JAMESON, 2007). Outro aspecto de permanência pôde ser encontrado na presença do realismo, seja via realismo formal, seja via resquícios de realismo social na representação de um “mundo hostil” (PELLEGRINI, 2009). Nos textos analisados, o resgate estético do realismo, ainda que de maneira refratada, contribui para a composição de narrativas onde convivem tendências conflitantes, sintetizadas nos conceitos de realismo afetivo e realismo traumático (SCHØLLHAMMER, 2012; 2013). Consideramos que os traços de permanência aqui apontados guardam relação com um contexto local de produção literária e, portanto, com as condições de atraso socioeconômico e cultural que caracterizam a sociedade brasileira (CANDIDO, 2011), as quais igualmente ensejam uma projeção internacional pautada em fontes estrangeiras e em princípios etnocêntricos de universalidade (SCHWARZ, 2006; 2012). Nos romances analisados, a despeito do protagonismo de temas e de fontes intertextuais transnacionais, o nacional emerge em segundo plano pela representação da violência urbana e da desigualdade social, percebidos aqui como índices possíveis de brasilidade. Por fim, o contexto latino-americano demanda uma abordagem diferencial que contemple os fenômenos de hibridação (CANCLÍNI, 2015), bem como as construções transculturais de identidades (HALL, 2011) e narrativas literárias (RAMA, 1984), enquanto sínteses possíveis da dialética entre local e universal.Palavras-chave: romance, pós-modernismo, nacional, universal, transculturação.
voltar