O poema Ilha de Arnaldo Antunes, parte integrante do livro 2 ou + corpos no mesmo
espaço, participa de um envolvimento fronteiriço, ou melhor, confere-se como um mapeamento
que circunscreve territórios distintos: é em composição, um mapa-poema. A ilha, reprodução de
uma realidade resultante da aerofotogrametria aponta para o negativo (o tom escuro e invertido
percebido como uma complementaridade): é na linha que circula exteriormente o poema que
parece residir uma espécie de menção ao todo. Há como proposta para considerações três
exercícios que instigam o olhar: um que se debruça sobre a escritura, outro que contempla as
imagens, e ambos que se revolvem diante do princípio fundamental do poema, sua temática: a
ilha como elemento estrutural e motivador para a origem do corpo do poema. Dessa forma, a
primeira pergunta que se faz é: qual o sentido da ilha para o mapa-poema? O texto Causas e
Razões das Ilhas Desertas, escrito pelo filósofo Gilles Deleuze (2004), servirá de ponto de
apoio para refletir sobre esta questão. Porém, para pensar o lugar da poesia no mapa-poema
Ilha, que se mostra enquanto forma representativa originária da sobreposição de elementos com
o propósito de conduzir e orientar o poema em vias de conformidade com outras artes – mais
especificamente, a Literatura e as Artes Visuais – é significativo trazer ao âmbito deste contexto
a leitura filosófica de Étienne Souriau (1983) sobre a Correspondência das Artes.
Palavras-chave: Arnaldo Antunes; Poesia; Correspondência das Artes