Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
marginal E periférica: a literatura em efervescência nos territórios socioambientalmente vulnerablizados
Jucelino de Sales (Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEE/DF e Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal - FAPDF), Jhenifer Emanuely Rodrigues dos Santos (Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEDF e Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal - FAPDF)
Marginal e Periférica: é possível uma ligação e interdependência terminológica entre os dois termos como disputa conceitual para nominar a literatura produzida em territórios vulnerabilizados e, com isso, contestar um território extremamente homogêneo para demarcar um posicionamento político em defesa da ampliação do fazer literário? Disputar o conceito de literatura marginal e periférica e delimitar seu gradiente epistemológico, sua partilha sensível e seu fazer participativo constitui um dos franqueamentos da Periferia Brasileira de Letras como direito político à literatura, com legitimidade e bem-estar de promoção à saúde. Partindo da constatação de Regina Dalcastagnè de que “na narrativa brasileira contemporânea é marcante a ausência quase absoluta de representantes das classes populares” (2012, p. 18), imbuímos apresentar em seu posicionamento a falha que leva a uma contradição, relegando ao apagamento as literaturas em efervescência que derivam das batalhas de rima, slams, oralituras, literaruas, entre outras formas, múltiplas e divergentes, do fazer literário. E averiguar na afirmação da pesquisadora um equívoco descritivo, que resulta do pensamento sociológico sistematizado que reduz a literatura ao texto escrito e publicado que atinge a repercussão pública por meio da vendagem de livros. Nossa análise partirá dos livros de poemas Coletânea Muntu e Poesia nas Quebradas, que visam a publicação e distribuição gratuita de conteúdo produzido pelo público mais invisibilizado, visto que as práticas quilombistas dessas publicações se aproximam de feitos como o dos Cadernos Negros, ao trazer para a cena novos agentes. Esse exercício fratura o dogma posicionado na condição prescrita como indispensável, de verdadeira consolidação do espaço literário, segundo a antiga fórmula, ainda em execução, preposta por Antonio Candido: autor/obra/leitor, que nossa contemporaneidade roga a exigência de sua problematização e revisão. A singularização deve partir da implementação de estratégias, que justaponham e adensem as ideias de marginalidade e periferia, performando a literatura marginal e periférica.
Palavras-chave: Literatura marginal e periférica; Resistência; Territórios vulnerabilizados; Performance; Oralituras
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