Apesar da aura machista que paira sobre Nicolau Maquiavel (1469-1527), e, a bem dizer, sobre todos os homens do Renascimento, pretende-se nesta comunicação desmistificar essa ideia a partir da investigação da representação do feminino nas comédias teatrais maquiavelianas de maior destaque: Mandragola (1518) e Clizia (1525). Poderemos perceber a atenção de Maquiavel em relação as mulheres, seja na verificação das estratégias discursivas empregadas no texto ao se dirigir a elas ou ainda representá-las, seja na observação mais detida de diversas passagens e fatos de sua vida pessoal, especialmente voltando nosso olhar para suas “mulheres”, visando observá-las em caráter autobiográfico dentro e fora de suas comédias, até culminar na evidenciação de uma inovação que precede em muitos anos sua ocorrência em apresentações de textos de outros autores, que seria o uso de atrizes e cantoras do sexo feminino como personagens dentro das encenações. Pretende-se ainda fazer uma comparação entre as duas Lucrezias: a figura proposta por Maquiavel em Mandragola, e a de Tito Lívio, ao mesmo tempo próximas e antagônicas. Não nos restringindo, contudo, a elas, serão analisadas outras figuras femininas de importância fundamental no entendimento do panorama retratado por Maquiavel em suas comédias, que sempre as tiveram em destacado lugar, afinal, para o autor, até a própria sorte é uma figura feminina, como frisado em O Principe.
Palavras-chave: Maquiavel; Teatro italiano; Renascimento; Feminino; Comédias.