Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVI ENCONTRO ABRALIC
“ISSO É MUITO BLACK MIRROR”: PARA ALÉM DO DISCURSO TECNOFÓBICO NAS DISTOPIAS ESCRITAS POR MULHERES NO SÉCULO XXI
Melissa Cristina Silva de Sá (IFMG)
As narrativas distópicas apresentam críticas pungentes às ansiedades do século XX com obras como Admirável Mundo Novo que criticam a engenharia genética e principalmente o uso não controlado da tecnologia. Presentes no imaginário popular, essas distopias influenciam a produção de obras cinematográficas e televisivas que incorporam em suas representações o desenrolar negativo da interação humano e tecnologia. É o que podemos ver em séries de TV populares como Black Mirror (2011-), cujas inovações tecnológicas ficcionais, mostradas quase sempre sob um viés negativo, criaram a expressão “isso é muito Black Mirror”, utilizada online para comentar em avanços tecnológicos reais e denotando que tal advento da tecnologia certamente culminará num efeito negativo para a sociedade. Estabelecendo um claro diálogo com as distopias do século XX, essa e outras obras recentes demonstram uma visão tecnofóbica; trabalhando humano e tecnologia como opostos. As narrativas distópicas escritas por mulheres no século XXI, no entanto, problematizam essa visão, questionando os avanços tecnológicos, mas também nossa própria percepção do que é humano. Romances como The Telling, de Ursula K. Le Guin, The Stone Gods, de Jeanette Winterson, e MaddAddam, de Margaret Atwood, ressignificam a tradição distópica do século XX ao propor um questionamento à relação dos humanos com a tecnologia que não se reduz à tecnofobia e ao lugar-comum de medo da ciência. A discussão partirá das considerações de Donna Haraway sobre a identidade ciborgue e de Raffaella Baccolini sobre o hibridismo das narrativas distópicas.Palavras-chave: Distopia; Tecnofobia; Mulheres
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