Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Lugares de Kehinde – uma leitura dos territórios e deslocamentos de uma personagem diáspórica
Luana Cruz da Silva (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
A separação e a diferença são signos que permeiam a experiência do sujeito em diáspora. O deslocamento forçado provoca uma série de rupturas e ressignificações que constituem o processo de construção de subjetividade desse indivíduo. Dentro da literatura contemporânea brasileira, a personagem Kehinde, do romance Um defeito de cor de Ana Maria Gonçalves, representa as contradições típicas desse sujeito diaspórico. Um sujeito deslocado que busca resgatar e construir territórios simbólicos e materiais. Kehinde, com seus deslocamentos dentro do romance, constrói múltiplos territórios, que são frutos de sua experiência enquanto ser em diáspora. Todos esses deslocamentos evidenciam a pluralidade cultural sob a qual o Brasil se constituiu e como o signo escravidão permeia todas as relações entre os diferentes estratos sociais. Os arranjos culturais típicos da diáspora, as ressignificações, as estratégias de sobrevivências e as formas de reelaborar as culturas de origem são as bases sob as quais os indivíduos em diáspora se colocam nesse novo mundo. Existir nesse espaço de disputas, de interseções e de deslocamentos exige desse sujeito deslocado estratégias diversas. Partindo desse viés analítico é possível fazer uma cartografia dos lugares percorridos por Kehinde tendo como foco os conceitos de territorialidade e multiterritorialidade de Rogério Haesbert, assim como a noção de ambivalência e de nação proposta por Homi K. Bhabha, associada às reflexões teóricas de Luiz Antônio Simas e Luiz Rufino. Dessa forma, pretende-se nessa comunicação traçar uma breve análise desses deslocamentos que permeiam a narrativa dessa personagem diaspórica.
Palavras-chave: diáspora; território; subjetividade
VOLTAR