A criação literária de Maura Lopes Cançado caminha na tênue linha entre experiência
e invenção, sem, no entanto, que uma ou outra desqualifique a força da experiência e da
imaginação. Pelo contrário, o valor reside justamente na construção de uma linguagem que se faz
no trânsito, entre as fronteiras. E nem o movimento de dobra do pensamento é capaz de evitar os
resíduos trágicos da referencialidade. A começar pelos títulos de suas obras, Hospício é deus
(1965) e O sofredor do ver (1968), a metáfora abre um amplo de possibilidades de significação,
porque forma-se um insistente brilho na escuridão nascida do vir a ser da palavra. Nos rastros de
Maurice Blanchot, a tensão da escrita será trazida a palco.
Palavras-chave: Maura Lopes Cançado; Dobra; Hospício é deus, O sofredor do ver