Partindo da opinião de que Paulo Honório é um personagem melancólico,
investigamos quais são as consequências dessa caracterização na forma literária. Iniciamos com
um percurso da biografia até a autobiografia ficcional, passando pela relação seminal entre
biografias literárias e melancolia e pela autoficção. A seguir, partindo de Freud e Ricoeur,
apontamos quatro características de uma autobiografia melancólica: só é possível falar
poeticamente da dinâmica interna da melancolia em primeira pessoa; é a formalização da
autorrecriminação; é uma forma do espaço privado; e, paradoxalmente, não realiza o trabalho de
rememoração, ao contrário, é um ato de repetição que narra repetições.
Palavras-chave: melancolia; trabalho de rememoração; autoficção; Graciliano Ramos; Paul Ricoeur.