Desvendamos como o cinema de Nanni Moretti utiliza ao mesmo tempo estratégias
de autenticidade, de ficcionalidade e de enfrentamento do real com a instabilidade dos gêneros e
a autoexposição como mecanismos estético, crítico e autocrítico. Entre sujeito que narra e
sujeito narrado nos filmes, observarmos a utilização da voz over para marcar a terceira pessoa,
além do deslocamento da figura de Moretti do protagonismo central, ao longo da sua
filmografia, e assim notamos aparentes contradições no personagem interpretado pelo diretor,
na voz que não é absoluta no comando do ponto de vista e na câmera que revela o “narrador
narrado”, complementando-se numa enunciação adequada aos conteúdos críticos, capazes de
cobrir a política, a sociedade, a produção cinematográfica e as questões familiares.
Palavras-chave: Literatura e cinema; Narrador; Nanni Moretti