Diante dessas distintas configurações da memória poeticamente elaborada em Carlos
Drummond de Andrade, interessa-nos, particularmente, a ideia de memória poética da
escolarização, já que nosso foco está nas seções “Primeiro colégio” e “Fria Friburgo”, de
Boitempo (1992 [1968, 1973, 1979]), nas quais a experiência da escolarização formal se dá a
ver, recriada discursivamente em poesia, de modo inequívoco e tenso. Analisando
tematicamente os 54 poemas, fica bastante visível que essa experiência é tensa, haja vista que,
em pouquíssimas situações poder-se-ia flagrar indícios de uma relação solidária e amiga mesmo
entre os estudantes – o mais das vezes, prevalece um clima de disputa, animosidade, controle e
punição e um questionamento do modo de funcionamento da instituição escolar e de seus
processos pedagógicos. A proposta desse trabalho é, pois, oferecer uma organização dos
poemas em eixos e categorias temáticas-chave para o estudo das memórias poéticas da
escolarização, a partir de Boitempo, vasculhando, nos poemas, indícios sobre as configurações
da memória.
Palavras-chave: Carlos Drummond de Andrade; Boitempo; memórias poéticas.