A poesia de Manoel de Barros está marcada por um forte desígnio de renomeação das
coisas, característica que evoca uma relação dialógica com a pintura de René Magritte, artista
que se vale de jogos que colocam sob uma perspectiva de contraste as noções de realidade e de
representação da realidade. A vivência convencionada do mundo pode levar o homem a um
estado de automatismo, engessando as faculdades da percepção. Diante disso, os projetos
estéticos de ambos os artistas, cada um à sua maneira, convidam o receptor a uma postura
crítica, combatendo a apreensão mecanizada das coisas. Para ambos, é preciso experimentar o
mundo em suas raízes, para além de todo entendimento automático e imediato, e pensá-lo.
Palavras-chave: Manoel de Barros; René Magritte; Desreferencialização; Dissonância.