Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Fazer rir e fazer corar: Getulino em trova, cena e tribuna
Marcelo Magalhães Leitão (UFC)
A sátira foi arma fundamental na atuação de Luiz Gama, desde o primeiro momento de seu percurso combativo. Foi a sátira que animou as cenas e as figuras representadas nas páginas do volume com que Luiz Gama ingressaria no restrito teatro das letras nacionais, as Primeiras trovas burlescas de Getulino. Logo na segunda trova do referido livro, a voz enunciativa de Getulino demarcava em alto e bom som sua existência de escritor negro, cenicamente anunciando-se como um “retumbante Orfeu de carapinha”. Aliás, as Primeiras trovas burlescas já evidenciavam, em sua primeira composição poética, luminosa feição teatral no título escolhido: “Prótase”, termo que concerne ao universo da tragédia clássica. É com essa espécie de prólogo teatral que o retumbante Luiz Gama inicia seu combate insistente, sempre empenhado em seguir “banindo o medo”. A cena que se apresenta então é francamente teatral, e nela a voz enunciativa vai afinando criticamente seu badalo satírico, “pondo a trote muita gente”. E esse mesmo badalo satírico segue repicando na produção intelectual de Luiz Gama, se estendendo para a tribuna da imprensa e para a sua atuação no foro dos tribunais. Em todos esses espaços ? da produção poética, da imprensa e dos tribunais ?, o advogado abolicionista atuou com ênfase teatral, desenvolvendo maneira muito peculiar de sobreviver em uma sociedade escravocrata e negacionista, que ele combateu com contundência e coragem exemplares. Esse percurso combativo de Luiz Gama, em que se evidenciou um manejo teatral da sátira, é o que pretendemos apresentar na comunicação que ora se propõe.
Palavras-chave: Luiz Gama; abolicionismo; resistência; sátira; teatralidade.
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