O trabalho constitui um elemento central nas relações sociais e culturais do Brasil. Com os movimentos políticos contemporâneos de reestruturação, perdas e necessários jogos de resistência dos brasileiros no campo do trabalho, objetiva-se refletir na presente proposta como a literatura brasileira vem dimensionando esta temática em sua produção narrativa. Com um recorte temporal que comporta o intervalo de 2018 a 2022, selecionamos dois autores para investigar como os personagens trabalhadores se posicionam em suas respectivas obras, a saber: Ana Paula Maia e José Falero. Da autora, vamos nos deter no romance "Enterre seus mortos", de 2018; já de Falero, iremos nos concentrar no livro "Os supridores", de 2020. Enquanto Maia desvela os horrores do trabalho por meio do abjeto, através de uma narrativa próxima ao horror, Falero constrói em sua escrita uma experiência laboral utópica, através da ideia de divisão, de troca e de compartilhamento. Sob a abordagem comparativista, analisaremos como as perspectivas dos autores se aproximam e se distanciam. Assim, com essas obras, podemos tocar em políticas narrativas distintas para pensar a condição do trabalhador do Brasil no século XXI e montar um cenário da posição da literatura brasileira em relação ao espaço laborativo caleidoscópico e em desmonte do nosso tempo.
Palavras-chave: Trabalho; Ana Paula Maia; José Falero.