A partir das últimas décadas do século XX, testemunhamos uma aceleração dos fluxos
migratórios. Este fenômeno vem proporcionando novas experimentações espaciais e modificando
a concepção de pertencimento. Este espaço constituído pela modernidade tardia como entre-lugar
segue desconstruindo a ideia de pertencimento, possibilitando certa experiência literária que
apreende a escrita como morada. Dito isto, analisaremos textos de Elisa Lispector que ocupou o
entre-lugar quando exigida a assimilação. Lispector não adotou a voz exaltada do migrante que
acredita chegar ao Eldorado, optou pela narrativa que aponta as incertezas do discurso identitário
rígido e com a escrita construiu sua morada.