Nos mundos possíveis ficcionais construídos por Mia Couto, as personagens, de
maneira quotidiana, são confrontadas por desdobramentos de contínuos dias de guerra e
infortúnio. É também assim o contexto de A chuva pasmada (2004), narrativa juvenil que trata
do quotidiano de uma família de negros. O jovem narrador costura seu mundo, configurando-o
por nuances muito delicadas da faceta de subserviência e condenação de uma família, alijada da
plenitude de direitos, já que servil e dependente. Pretende-se demonstrar os modelos de
estruturação da personagem como partes integrantes da denúncia da anormalidade presente no
quotidiano de sua família. Refletir-se-á acerca do discurso fantástico como expressão de um
discurso de conflito.