O escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909-1979) criou um mundo amazônico por meio de seus dez romances que compõem o chamado Ciclo do Extremo Norte. Esse universo elaborado por ele apresenta temáticas que envolvem sujeitos moradores da Amazônia paraense, traçando o painel de uma realidade da região. No romance Marajó (1947), o segundo do Ciclo, vemos o embate entre os grandes proprietários de terra, representados por Missunga – o personagem principal – e seu pai, o Coronel Coutinho, e os subalternos e trabalhadores das fazendas representados com maior força pelas personagens femininas, as quais se esforçam para tentar sobreviver nessa sociedade patriarcal. Esse trabalho, portanto, objetiva analisar algumas mulheres do referido romance dalcidiano, tais como: D. Branca, mãe do protagonista, D. Ermelinda, amásia do Coronel, bem como as mais pobres da terra (as esposas dos trabalhadores, as outras amásias do pai de Missunga, as viúvas, as mais velhas que nunca se casaram, além das jovens cunhatãs), observando como elas, mesmo sem ocupar nenhum tipo de protagonismo na narrativa, ajudam a compor o cenário amazônico e, assim cooperam para a construção dessa sociedade marajoara. Verificar a contribuição desse tipo de personagem nos ajuda a compreender os mecanismos usados pelo autor paraense para representar o cotidiano amazônico em suas obras.
Palavras-chave: Dalcídio Jurandir; Amazônia; Marajó; mundo amazônico