A presente comunicação propõe uma reflexão acerca da produção literária referente aos anos subsequentes ao golpe militar no Brasil, de 1964 – e que se estende pelos anos 70 e 80 – expressivamente ocupada por uma literatura de denúncia político-social, que assumiu a incumbência ética de preencher os espaços jornalísticos da imprensa silenciada pelo AI-5. A ditadura militar(1964-1985) instituiu no Brasil um regime de exceção, que teve como resposta da sociedade brasileira um período bastante fértil para as manifestações artísticas. E neste contexto, há que se ressaltar a colaboração decisiva da imprensa para o florescimento de uma geração literária composta por escritores que mantinham uma interface com o jornalismo cuja simbiose desempenhou importante papel de resistência contra o regime ditatorial brasileiro. Desta forma, o referido binômio literatura-jornalismo concentra algumas inquietações. Primeiramente, destacamos as aproximações e divergências sobre a questão da dupla autoria, de jornalista e de autor. O que nos faz questionar como se estabelece a fronteira entre o literário e o jornalístico e também de que forma os dois gêneros confluem. Outra instância de investigação tem como escopo a questão do vínculo imanente que se operou entre literatura, experiência e testemunho, haja vista a transformação do cotidiano dos jornais em matéria-prima literária.