O teatro, ao longo de sua história no Brasil, assumiu diversos papéis. Um
dos fundamentais foi a doutrinação. Os jesuítas foram os primeiros a utilizá-lo como forma de
doutrinar os índios e assim abrir espaço para o projeto de dominação do reino português. De
lá até o século XX, seja para conquistar, dominar, explorar ou para buscar uma identidade
legítima, construir um ideário nacional e, ainda, criticar a sociedade; o teatro educou e
entreteu gerações. Muitos foram os escritores que se propuseram, conscientemente, a
contribuir com esta construção. Este estudo fez um recorte temporal e local, escolhendo o
modernismo-regionalista de Ariano Suassuna — fundador do Movimento Armorial que traz em
si a chama do nacionalismo e resgata, em parte, a intenção consciente dos românticos de
construir a identidade nacional —. Além do posto, o dramaturgo herda a tradição de Gil
Vicente na escrita de autos e farsas, através dos quais transmite sua mensagem. É entretendo
que Ariano Suassuna levanta a bandeira do nacionalismo literário, constrói um ideal nacional e
apresenta uma das facetas do povo brasileiro. Do mesmo modo, também faz sua crítica social.
Em O Santo e a Porca analisam-se as ferramentas utilizadas pelo autor para a construção da
identidade nacional e do cômico através do qual realiza sua crítica social. Tal análise será feita
à luz da estética do realismo grotesco e do conceito de literatura do entretenimento.