Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Entre a ficção e a realidade: o gênero roman à clef
Daniela Corrêa Siqueira (Sem vinculo atual com IES)
Este trabalho propõe reflexões sobre o gênero roman à clef, tendo como objeto de estudo a obra Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto. O romance foi muito criticado na época de sua publicação pelo fato de o mesmo ser um exemplar de roman à clef, gênero romanesco em que pessoas reais são retratadas através de personagens ficcionais, tendo sua vida íntima exposta em flagrante contraste com a sua vida pública. O roman à clef a partir da consolidação do romance ficcional, em meados do século XIX, passou a ser visto como uma forma inferior de literatura. A ilegitimidade da leitura à clef do Recordações do escrivão Isaías Caminha é baseada em todo um arsenal crítico consolidado no decorrer do século XX, que vai das teorias do New Criticism à concepção da “morte do autor” assinalada por Roland Barthes. Entretanto, a emergência contemporânea de estudos acerca de outros gêneros limítrofes entre ficção e realidade, como é o caso do romance autobiográfico e do romance de autoficção, tem possibilitado terreno fértil para a revalorização do estudo do gênero roman à clef. Portanto, o presente trabalho tem por objetivo propor uma reflexão acerca da exclusão da legitimidade da leitura à clef, bem como fornecer subsídios para uma reabilitação do gênero roman à clef, atualmente considerado como produto de uma espécie de subliteratura. Darão subsídio ao nosso percurso teórico acerca do gênero roman à clef os estudos de Mathilde Bombart (2014) e Sean Lathan (2009). Para compreendermos melhor a questão da exclusão (e posterior reabilitação) da figura do autor do campo dos estudos literários pela crítica, faremos uma síntese das reflexões mais importantes de Eurídice Figueiredo (2015) e de Diana Irena Klinger (2006).
Palavras-chave: Hibridismos; Ficção e realidade; Roman à clef; Recordações do Escrivão Isaías Caminha; Lima Barreto
VOLTAR