Este trabalho propõe uma análise das narrativas autobiográfica L’evénement [O
acontecimento] (2000), de Annie Ernaux e Dix-sept ans [Dezessete anos] de Colombe Schneck,
que narram os abortos realizados pelas autoras-narradoras. Trata-se de obras sobre experiências
transgressoras e traumáticas, um momento de iniciação e ruptura, apresentando, também, um
olhar melancólico, observado a partir da incorporação da perda. Assim, pretendo aqui traçar como
se dá a transmissão dessa experiência por cada autora, considerando sua dimensão traumática,
mas, também política, pois colocam em cena o poder de agir do indivíduo.