A definição da ruína como latência leva em conta a sua possibilidade de manifestação.
Agamben associa as lacunas dos campos de concentração ao resto, que se tornam passíveis de
preenchimento, sendo o papel das testemunhas fundamental nessa configuração. As histórias
individuais que surgem em função dos eventos catastróficos da Shoah têm em sua estrutura a
função das testemunhas, que falam por si e por quem não pode, e da pós-memória, na
transmissão das experiências traumáticas através das gerações. As narrativas de O que os cegos
estão sonhando? e Diário da queda contêm diálogos intergeracionais que trazem no seu centro
as relações do testemunho com a transmissão das experiências através das gerações, portanto.