O monólogo Se eu fosse Iracema (2016) encena uma noção de corpo que será
inscrita, aqui, sobre a obra canônica de José de Alencar. Em contraste ao corpo exótico e
exteriorizado da protagonista, este estudo busca delinear o corpo cênico performado pela
intérprete Adassa Martins, na direção de Fernando Nicolau: um corpo que deforma os contornos
da máquina ocidental de pensamento e produz um particular tipo de devir. Trata-se do
conhecido conceito de Deleuze (2012) associado à noção de graça desenvolvida por Ferraz
(2011) e à prática xamânica encontrada nos estudos de Castro (2017). O devir iracêmico, assim,
demonstra a abertura à alteridade ameríndia realizada na dramaturgia de Fernando Marques.