Tratar de constituição da lírica é pensar sobre as formas de subjetividades que essa lírica
assume em seu tempo e seu espaço. Apresentamos proposta de discussão sobre o lugar de onde
fala a lírica de Hilda Hilst em “Ode descontínua e remota para flauta e oboé. De Ariana para
Dionísio”, do ponto de vista da interlocução entre um eu e um tu fictícios. Na constituição dessa
obra está posto um eu lírico, cuja voz é a espera e o suposto lamento pela ausência do amado, seu
interlocutor. Para tanto, é possível pensar sobre a dialética tensiva entre as vozes, descritas no
ensaio As três vozes da poesia. (1972), de T.S. Eliot: a voz do poeta que fala de si mesmo, a que
se manifesta diante de um público e a que tenta criar uma personagem dramática que dialoga com
outros seres imaginários.