Glauco Mattoso é um poeta cego. A limitação do uso dos olhos gerou, desde 1995
com a perda total da visão devido ao avanço do glaucoma, a produção de uma estética
diferenciada, que o próprio poeta deu o nome de pornosiana (voltada para a pureza formal e a
impureza de conteúdo). Com este trabalho, procuramos investigar a distância mesma entre o
poeta e o cego na antologia O poeta pornosiano (2011) que é mobilizada nos modos de fazer,
ver e sentir convocados na produção da poesia; argumentando, assim, que a pornografia opera
muito além do nível meramente representativo, indo trabalhar diretamente no próprio campo de
forças que fabrica o poema e o abre para forças outras – não mais linguísticas.