O intuito deste texto é discutir a relação que pode ser estabelecida entre dois poemas
do português Mário Dionísio, “Ainda é tempo”, de Dispersos no tempo, e “Como é natural”,
lido em O silêncio voluntário, ambos publicados na segunda edição de Poesia incompleta, de
1979. Para tanto, é preciso levar em consideração que o poeta, integrante do movimento neo-
realista português, escreve ao longo dos difíceis anos do Estado Novo, informação que em
muito tem condições de contribuir para se pensar os dois textos poéticos. É possível notar, nesse
sentido, que o tempo nos dois poemas aparece de modo distinto, evidenciado pelos quase dez
anos de diferença que se tem entre a escrita de ambos.