Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
O negativo identitário na trilogia de Jesus, de J. M. Coetzee
Marco Antonio Rocha (Universidade Federal do Paraná)
Escritores que questionam as fronteiras de suas identidades nacionais parece ser um fenômeno crescente a partir de meados do século XX e continua crescendo no século XXI (ETTE, 2018). Recentemente, o escritor sul-africano e prêmio Nobel John M. Coetzee concedeu uma série de entrevistas a Soledad Constantini, fundadora da editora El Hilo de Ariadna, com sede na Argentina e na Espanha, em que explica sua decisão de ter seus livros lançados antes na tradução em espanhol que em inglês a partir de um breve resumo de sua própria biografia contada em terceira pessoa. Segundo ele, após receber notoriedade mundial e ser publicado por editoras em Nova Iorque e Londres, com o tempo acabou perdendo interesse em como seus livros eram recebidos no Norte e passou a se agradar mais com a maneira como eram recebidos no Sul, principalmente em espanhol na América Latina e em inglês na Austrália. Na entrevista, ele afirma se ver como “a writer who is not located in any particular language or any particular country [um escritor que não está inserido em nenhuma língua ou em nenhum país em particular].” (COETZEE, 2018). Dessa maneira, é possível pontuar de que maneira os últimos romances publicados pelo autor — “The childhood of Jesus” (2013), “The schooldays of Jesus” (2016) e “The death of Jesus” (2019), em que os protagonistas, assim como todos os outros personagens, chegam de navio a um novo território onde a língua falada é o espanhol, língua estrangeira para todas essas pessoas que, ao mesmo tempo, não guardam memórias de suas vidas antes de chegarem a esse novo lugar, essa “outra vida” —, tematizam essas identidades construídas a partir do não pertencimento, ou seja, em torno do negativo do que são.
Palavras-chave: Identidade; J. M. Coetzee; Literatura sem morada fixa.
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