O trabalho linguístico e literário de Chateaubriand nos surpreende a cada leitura. A
escrita da descontinuidade preenche as páginas de René (1802), construindo um tecido narrativo
inesperado a cada instante, uma vez que estamos diante de uma personagem complexa do ponto
de vista psicológico e, mais que isso, tal personagem é tida por muitos estudiosos como o retrato
do próprio Chateaubriand. Adentramos em seu universo melancólico, marcado por tragédias
existenciais e por certa inquietação fecunda que demonstrará a supremacia religiosa cristã por
intermédio da figura do père Souël. Salientamos ser por meio do père Souël, haja vista que René
confessa desviar-se da fé cristã, não cumprindo seus mandamentos fundamentais. Todavia, nas
palavras de Chateaubriand, Deus se serve da adversidade com a intenção de exteriorizar sua
divindade e em René essa memorável afirmação cumpre sua veracidade.
Palavras-chave: Literatura; Religião; Melancolia; François-René Auguste de Chateaubriand; René