Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Devir, devéns, devamos brincar: a criança e a infância na poesia de Adão Ventura
GUSTAVO TANUS CESÁRIO DE SOUZA (UFRN)
A infância está presente na obra do poeta Adão Ventura, nascido em Santo Antônio do Itambé, antigo distrito do Serro, Minas Gerais. Representada tanto em relação aos lugares de sua vivência, quanto ao tempo de sua experiência, é objetivo deste trabalho pensar como o poeta transformou a matéria vivida e a configurou em arte, em imaginar a infância experimentada pela voz poética, e as infâncias possíveis de serem vividas por outras crianças, seus companheiros de brincadeiras e jogos transtemporais. Como uma voz potente na poesia brasileira contemporânea, o poeta compôs versos publicados nos seis livros de poemas, além do livro infantil, Pó-de-mico, Macaco de circo (1985) que ainda não possui nenhuma crítica. Utilizaremos esse livro infantil como metáfora da própria escrita literária, ao mesmo tempo em que ele é possibilitador do devir-criança, bastante representativo de uma das facetas da obra do poeta, para uma leitura brincante de sua obra completa, em cujo brincar serão colocadas as instâncias de leitura como propostas de Arnaldo Xavier, no ensaio “DHA LAMBA À QVIZILA – A BUSCA DHE HVMA EXPRESSÃO LITERÁRIA NEGRA” (1986). Tal devir não significaria regressão a estágios infantis, menos ainda uma imitação de comportamentos dessa fase da vida, mas sim a configuração das potências da criança, em seus comportamentos brincantes, de rapidez, de agilidade, de alegria, em capacidade de percepção poética dos afetos. Como elemento estético que se refere e representa uma das formas de identificação com suas origens, os mais novos são mais do que personagens, mas companheiros de travessuras e travessias.
Palavras-chave: Literatura infantil; Infância; Devir-criança; Representação; Poesia.
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