Essa comunicação faz parte de um projeto de pesquisa que visa pensar um novo ethos poético, moderno e igualmente contemporâneo, a partir de dois poetas, Baudelaire e Hölderlin. Trata-se de comparar dois momentos distintos na criação de dois poetas igualmente bastante distintos. Nessa ocasião pretendemos explorar, a partir da atuação, tão controversa e comentada, de Hölderlin como tradutor, de que forma sua prática de tradução forneceria um modus operandi, ou uma espécie de método ou procedimento, para a criação poética e quem sabe, talvez possamos dizer, de forma a tradução funciona como uma forma de vida. Desde muito cedo, 1798, Hölderlin se preocupava sobretudo com a vivacidade (lebendigkeit) na poesia. Em uma carta ao seu amigo Neuffer ele afirma que a vivacidade na poesia é o que mais o preocupava. Ele acreditava que deveria extrair do que nele tinha o efeito mais destrutivo, um material, o material indispensável não de sua poesia, mas de sua vida, e sem o qual o que tinha de mais profundamente seu não poderia estar presente. Fazer presente o que há de mais seu, sombras da luz, como se aquilo que provoca a destruição, o ímpeto destrutivo, digamos assim, fosse o tom subordinado de sua alma, entre os quais ela brota e jorra e brilha da forma mais vivaz. É no manejo do ímpeto destrutivo, força que vem de fora, que está o caminho para a vivacidade da poesia. De que forma esse processo se articula na poesia de Baudelaire, no sentido maior da palavra, dos versos à prosa passando pelos diários e pelo dandismo? Como Baudelaire fez do ímpeto de destruição uma forca motriz de sua poesia?